[Coliseu: MvP/PvE] — Carmilla Volkova

Legenda:

Honestamente eu não me recordava totalmente de como havia chegado ao estado em que me encontrava: deitada na sarjeta da cidade, cercada de roedores e de dois corpos que começavam a exalar o forte cheiro da morte.

Ainda com os olhos fechados, aproveitando o toque do sol sob minha pele, forcei minha mente a se lembrar da noite passada e me recordei de como havia sido fácil atrair o casal até ali para devorá-los. Bastou apenas que eu sugerisse atender a um fetiche particular do rapaz após minha luta na arena para que ele prontamente obrigasse sua namorada a obedecê-lo e em questão de segundos estávamos adentrando aquelas sarjetas.

Uma pessoa normal claramente acharia estranho ser arrastado para aquele lugar silencioso, mas nada como um festival para tornar as coisas ainda mais discretas e sigilosas. Mas agora estávamos de dia e não demoraria para que eu fosse encontrada em conjunto aos cadáveres.

— Vamos antes que ainda me reste problemas maiores. — Disse para mim mesma antes de me levantar e encarar o casal. — Se bem que ainda estou com um pouco de fome…

Sentindo meus nervos pulsarem em desejo de ainda penetrar meus dentes na pele flácida dos semideuses, e sugar até a última gota de sangue, firmei minhas unhas contra as palmas da minha mão para me controlar, dando meia volta logo em seguida.

Peguei a jaqueta do semideus e me cobri antes de voltar a andar para o centro da cidade, tentando me esgueirar o máximo que conseguia para não ter que dar explicações sobre as poças de sangue ainda visíveis em minha blusa. Se alguém questionar, é só falar que é de alguma luta da arena, pensei enquanto caminhava.

Assim que cheguei ao apartamento que dividia com Roberto, Alejandro e Crystal, reparei que nenhum dos semideuses estavam em casa, o que me chamou atenção visto que pelo menos um deles sempre permaneciam guardando nosso local.

Com a sobrancelha erguida me direcionei até a cozinha e observei o post-it colado na geladeira.

— Nos encontre na arena ao entardecer, é importante. Assinado, Crystal. — Li o corpo da mensagem antes de frisar minha feição, ficando pensativa. — Se fosse só mais um trabalho teriam me avisado sem mistério. O que raios pode ser?

Cogitando mil e uma possibilidades, afinal, uma assassina sempre tem que estar preparada para todos os cenários, a que mais me agradava era a mais impossível: ter informações de um dos meus familiares.

Já se fazia anos desde que dei início a minha procura e simplesmente todos os meus irmãos e meu pai haviam sumido da face da terra. Não havia pistas, não havia direcionamentos, não havia registro. Não havia nada, fazendo parecer com que eles jamais tivessem existido.

Mas eu era a prova viva que eles habitavam esse planeta. E eu também seria o motivo de ceifá-los do mesmo. Pegando uma faca para cortar a maçã que estava comendo, prontamente direcionei meu ódio para a lâmina, a ficando contra a mesa de madeira antes de me retirar do local e ir para meus aposentos.

Praticando meu autocontrole, e percebendo que devia descansar para o que quer que estivesse me aguardando a noite, permiti me afundar no colchão duro até o entardecer, recapitulando todas as pessoas que haviam me contratado para matar.

Não me atentei a quando de fato adormeci, somente me preocupei em desligar o meu celular quando o mesmo começou a tocar freneticamente.

— Quem é? — Questionei com a voz ainda sonolenta enquanto atendia a ligação.

— Eu já estou te esperando faz quase 02 horas, Carmilla. — Disse Crystal em um tom nenhum pouco amigável antes de começar a sussurrar. — Os corpos já estão sendo divulgados pelo noticiário. Você não consegue ter responsabilidades não? Não vai demorar para eles descobrirem que foi você.

— Eu estava com fome, Crystal. — Afirmei enquanto me levantava e pegava a pulseira de ônix com pingente em rubi. — E nem vão saber que fui eu, eu sou habilidosa diferente de você, que explode as coisas e faz questão de assinar com um grandiosíssimo C.

— Não é só meu nome que começa com C. — Disse ela, fazendo-me imaginá-la com um sorriso no rosto. — Estou te esperando, agilize. Tenho algo importante para te contar.

Desliguei o telefone sem dar uma resposta para a filha de Hécate e prontamente comecei a me direcionar para o coliseu. Observei a noite e todo o frenesi de semideuses que circulavam a cidade até o local enquanto caminhava. Realmente era um evento para caçadores, pensei com um sorriso malicioso no rosto.

Ao me aproximar da arena, prontamente fui abordada pela semideusa, que fez questão de me colocar na fila de combate assim que cheguei.

— O que você está fazendo? — Sussurrei para Crystal.

— Seu nome já é o próximo. Digamos que eu tenha apostado sua vitória em prol de itens mágicos exclusivos. — Respondeu a filha de Hécate, fazendo todos os meus nervos se aflorarem.

Ela sabia que eu odiava ser vista como um objeto de troca.

Sem muitas cerimônias, rapidamente a ergui pelo pescoço contra a parede do breve local de chamada, pressionando minhas unhas contra o seu pescoço.

— Se…você ganhar….— Começou a dizer ela enquanto se debatia para voltar ao chão, chamando a atenção de todos à nossa volta. — Eu tenho…informações de um dos seus irmãos.

— Se você estiver blefando, eu te dou a certeza de que você será a próxima a aparecer nas manchetes do jornal. E pode deixar que irei garantir fazer um grande C com suas tripas. — Sussurrei aproximando meu rosto do ouvido da semideusa.

Escutando meu nome ser chamado, soltei a filha de Hécate que havia começado a buscar ar freneticamente. Virei as costas e pude observar que parte das pessoas estavam assustadas enquanto outra parte certamente me desejava.

Matar monstros não tinha muita graça, tal como matar semideuses. Monstros não tinha o drama emocional que alimentava meus anseios e minha fome. Monstros não imploravam pela vida e isso era entediante.

Mas ali estava eu, concentrando meu olhar no portão de bestas após o juiz anunciar o começo do duelo. Conforme o portão era aberto, observei a plateia empolgada pelo confronto, o que me fez revirar os olhos por se contentarem com tão pouco entretenimento, ainda mais quando percebi que meu adversário era um mero Ghoul.

— É sério isso? — Questionei a mim mesma ao observar a criatura começar a correr em minha direção.

Me colocando em posição de defesa, esperei até que a criatura realizasse seu primeiro movimento. Erguendo uma de suas garras, a criatura do submundo mirou um ataque de cima para baixo contra o meu tarso, possivelmente tentando me ferir com seu veneno.

Sendo filha de Belona, em instinto transformei Crimson em espada e a coloquei em minha frente na horizontal, segurando seu cabo com ambas as mãos. Apesar de sentir o impacto da garra contra a lâmina, o que me fez afundar os pés no solo para não me desequilibrar, consegui impedir o ataque de forma eficaz.

— Oh, oh! — Falei para a criatura enquanto a observava babar e sentia seu cheiro pútrido.

Impulsionando meu corpo para frente, empurrei a criatura antes de rapidamente erguer a lâmina e direcionar um ataque na vertical do torso da criatura. A mesma tentou bloquear o ataque da mesma forma que eu havia feito, mas não conseguiu ser rápida o suficiente, permitindo que a espada o cortasse como carne de açougue.

— É assim que se faz! — Disse com um sorriso no rosto antes de me afastar brevemente do Ghoul.

Sentindo a dor causado por Crimson Hunger, o submundano começou a inchar sua boca com um aparente líquido que escorria brevemente de seus lábios. Contudo, talvez por conta do ataque anterior ter sido em seu torso, ele não conseguiu esguichar o seu aparente vômito, fazendo com que todo o líquido fosse derramado próximo ao seu pé.

— Você não merece sequer tentar me atingir com isso novamente. — Falei antes de empunhar firmemente o cabo da espada com ambas as mãos.

Pegando impulso, mirei um ataque no pescoço da criatura, a qual tentou bloquear o golpe colocando seus fracos antebraços à frente da região. Percebendo sua defesa, rapidamente deixei Crimson Hunger somente na minha mão direita, atacando a região pelo lado ao invés de pela frente, o que resultou em um acerto da lâmina.

O Ghoul gritou de dor e aquilo me fez sorrir. Aquilo era o máximo que ele poderia me dar enquanto súplica.

Observei o sangue podre da criatura na minha arma e um olhar de desdém se formou em minha face. Todavia, esse mesmo desdém durou pouco uma vez que com fúria nos olhos a criatura partiu para cima de mim novamente.

Colocando seus braços para frente, a criatura avançou com um ataque em X, mirando suas unhas em todo o meu torso. Assim que estava bastante próximo, ergui novamente minha espada na tentativa de bloquear o golpe, mas mesma acostumada com o cheiro da morte, assim que o Ghoul se aproximou, e senti o seu cheiro pútrido ainda mais forte por conta das feridas, senti meu estomago embrulhar.

Com o forte odor, não consegui manter meu equilíbrio e fui atingida diretamente pelas garras da criatura em toda extensão dos meus braços. Rangi os dentes, mas não permiti que nenhuma emoção de fraqueza fosse destinada àquela criatura. Ele não merecia tamanho deleite.

Ainda de pé, e sentindo a ânsia e o veneno começar a adentrar meu organismo, mal tive tempo de pensar minhas ações, apenas reagindo ao que acontecia. Percebendo os braços da criatura para baixo, rapidamente impulsionei meu corpo para frente e mirei um ataque frontal contra o estômago do Ghoul.

Talvez por não esperar uma reação tão brusca, o mesmo não conseguiu colocar os braços na frente da lâmina, buscando se esquivar se jogando para a direita. Mas sua agilidade também não era lá grandes coisas, o que fez Crimson Hunger atravessar seu corpo por completo, transformando-o em pó em questão de segundos.

Ergui minha espada para cima quando o juiz anunciou minha vitória e prontamente comecei a procurar Crystal na plateia, apontando minha espada para a mesma como um aviso.

Turno 01:

Cálculo de Dano:

Turno 02:

Cálculo de Dano:

Turno 03:

Cálculo de Dano: