Divine
Ground


[COLISEU: ARENA DA PROVAÇÃO] — Lee Chae-Young

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Lee Chae-young
Membro da prole de Héracles
Idade
Ocupação
Nível
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Arena da provação

Tópico destinado às tarefas da Arena da Provação, feitas por Lee Chae-Young.
Lee Chae-young

Imagem A : [COLISEU: ARENA DA PROVAÇÃO] — Lee Chae-Young Mf2Mq4K
Ocupação : Desempregada
Idade : 23
   


Dados do Semideus
Atributos:
AtributosPontosPontos
ForçaForça• • • • •
DestrezaDestreza• • •
AgilidadeAgilidade• • •
ConstituiçãoConstituição• • • • •
InteligênciaInteligência
CarismaCarisma
NaturezaNatureza
MagiaMagia
EspiritualidadeEspiritualidade
Imagem A
Lee Chae-young
Membro da prole de Héracles
Idade
Ocupação
Nível
Imagem B
fighter

보기나 해 bish 가라사대
모든 것 위 가라사대
여호와 밑 가라사대  
P
or mais que boa parte das pessoas ao meu redor estivesse com raiva e/ou questionando os últimos decretos do prefeito, minha rotina não havia mudado de maneira tão drástica. Todos os dias eu acordava no abrigo, me arrumava o mais rápido possível para sair daquele lugar triste e sem vida, tomava café da manhã em uma padaria que ficava no caminho, pagava com os trocados que restavam de minha última missão, lá no lago de Argólida e, ao chegar na Arena, cumprimentava Marina Gordon (a chefe do campo de treinamento) e iniciava meu treinamento diário.

Geralmente após isso, eu tomava um banho, jantava qualquer coisa no meio do caminho e gastava um tempo andando pela cidade até a hora de dormir, e assim a vida seguiria. Poucas novidades, previsibilidade na rotina, nenhum chamado para missão, e quase nenhuma amizade sendo feita...

A única coisa que me incomodava nesses últimos dias era a quantidade de gente que estava na arena, pois tornava a experiência de treinar ali muito parecida com dividir os aparelhos de musculação em um dia de segunda feira. Se eu não fosse uma das proles que chegava mais cedo, com certeza não teriam armas para que eu treinasse, e eu teria que dividir alvos, bonecos e sacos de pancada com outros semideuses.

Outra coisa negativa era o fato de que muitos dos que estavam indo para lá, por conta das obrigações, não necessariamente eram bons no que faziam, o que significava que ou eu tinha que me segurar, ou iria provavelmente quebrá-los ao meio. Por conta disso, eu acabei me juntando à Marina por uns dias como uma espécie de monitora, afinal a demanda pelos treinos ter aumentado não necessariamente significou mais treinadores na arena, então minha mentora acabou precisando de alguns reforços nessa função.

Em algum dia dessa rotina monótona e linear, quase como um loop temporal, algo me chamou a atenção enquanto eu tomava um copo de 500 ml de café preto e chegava no centro de treinamento: uma fila de pessoas, não muito longa, se formando em frente à bilheteria. Franzi o cenho, intrigada e me aproximei a fim de conseguir mais informações.

Para minha surpresa todas as proles ali estavam se inscrevendo para o mais novo evento que aconteceria em Divine Ground, promovido pelo prefeito, que seria basicamente uma arena para que nós mostrássemos toda a nossa capacidade de combate contra outros semideuses e contra criaturas diversas. Isso explicava bastante coisa sobre as reformas noturnas que estavam sendo realizadas em boa parte do centro de treinamento, bem como os boatos de carregamentos secretos que estavam chegando escoltados na cidade. Provavelmente eram as monstruosidades do evento.

Sorri, e após terminar de tomar o café, fui até o final da fila para me inscrever. Enquanto andava até o final, pensei no que eu faria neste combate... Deveria eu enfrentar outra pessoa com um progenitor divino? Ou lutar contra monstruosidades faria mais sentido? Não percebi quanto tempo passou até que fosse minha vez de me inscrever no evento, então fui pega de surpresa, sendo retirada de meus próprios pensamentos por uma moça simpática que perguntou meu nome e a categoria na qual eu gostaria de me inscrever, por impulso, ou por fatores de minha progênie divina, respondi de bate-pronto.

— Categoria de monstros, por favor...

— Alguma preferência? — perguntou a garota enquanto marcava alguns ‘x’ nos campos a preencher de um formulário de papel.

— Ah, nada muito fácil... Sinceramente eu não sei, se tiver uma opção aleatória...

A moça sorriu (eu não sabia se tinha realmente achado engraçado ou burro o que eu tinha acabado de falar) e marcou mais dois ‘x’ em alguns campos que eu não consegui ler direito, e pra ser sincera eu não ligava muito. Ela virou mais algumas páginas e me deu a caneta para que eu preenchesse o resto da ficha com algumas informações básicas sobre mim, termos isentando a cidade de eventuais mortes, fraturas, mutilações, traumas e outras coisas que eram mais comuns do que eu imaginava que acontecessem naquele lugar.

Após assinar aquele documento, devolvi a caneta e o formulário para ela e sorri amigavelmente.

— Obrigada.

— Boa sorte, Srta... — ela olha para o papel e depois para mim — Lee... Chae-Young...

Aceno de volta com a mão direita, e entrei na arena, voltando para minha rotina de sempre, mas dessa vez com um objetivo. Eu não estava treinando mais para deixar a cabeça ocupada do marasmo da minha vida, nem para manter a forma física. Agora não era hora de “manter” nada... Eu precisava treinar para me superar, e pelos próximos dias era tudo o que passava pela minha cabeça...

Eu precisava ficar afiada. Minha rotina, que já era intensa, ficou cada vez mais pesada. Eu buscava os semideuses mais fortes para treinar, e as lutas voltaram a ser disputadas. Por algumas ocasiões eu me arrependia de ter escolhido lutar contra alguma fera aleatória, pois o embate com meus companheiros de treino se mostrava muito divertido e eu aprendia muito naquelas sessões, e talvez enfrentar alguns deles na arena pudesse ser mais empolgante.

Outra coisa que fiz ao me preparar foi estudar... A parte mais difícil, mas a mais necessária. Eu precisava melhorar meus conhecimentos gerais sobre as feras lendárias que provavelmente poderiam aparecer na arena. Enquanto estudava, foi inevitável cruzar com os doze trabalhos de meu pai e aquilo me fez refletir bastante... Desde a missão com a hidra, me questionei sobre o tópico que Quíron abordou ao falar sobre o sangue, e como ser prole de Héracles poderia ter sido um fator decisivo.

Desde então, me perguntei se aquela vitória tinha sido minha, ou se era alguma daquelas coisas que já estavam tecidas pelos fios das Moiras. Eu, como filha dele, estava fadada a repetir os feitos de meu pai? Reencenar todas as suas conquistas? Eu suspirei, inquieta, enquanto lia aquele livro em grego antigo e refletia sobre esse tipo de coisa que acontecia com pessoas como nós... Quando se tinha sangue divino, tudo podia acontecer.

Terminei de ler mais uma das versões dos trabalhos de meu pai, dessa vez contando a história de como ele derrotou o gigante Gerião, um monstro de 3 corpos, seis braços, e seis asas (bizarro!), e depois tomou seu gado, que era guardado por um cão de 2 cabeças chamado Ortros, o qual meu pai também derrotou. Fechei o livro e fui dormir. Obviamente, tive sonhos com os monstros que vinha estudando nesses últimos dias, com foco nesses últimos...

Destino...

O grande dia chegou. Apesar de ter um grande evento à frente, tudo começou como na minha rotina, acordando cedo, tomando banho e me arrumando antes de pegar meu par de manoplas, as quais eu apelidei de Ganghan, e saí do Abrigo. Talvez com o dinheiro que eu ganhasse hoje, poderia investir em um lugar para morar sozinha, conseguir um trabalho e ter algum tipo de independência e um lugar pra chamar de lar...

“Isso se eu conseguir ganhar...”

Pensei enquanto pagava a moça da padaria pelo copão de café e refeição reforçada que tinha acabado de fazer. A primeira coisa diferente da minha rotina de sempre ficou evidente conforme eu ia chegando próxima a Arena: uma fila de pessoas já começava a se formar na frente da entrada do lugar, e o som do burburinho da conversa das pessoas tomava o ambiente externo. Me apresentei como uma das lutadoras do dia de hoje e logo a staff me conduziu até os vestiários, onde eu comecei a me arrumar.

Seria uma das primeiras lutas do dia, pela parte da manhã, então não tardou até que eu começasse a ouvir os barulhos da multidão lá em cima gritando, torcendo e vaiando enquanto outras pessoas como eu arriscavam suas vidas a troco de algo. Alguns, eu ouvia a conversa nos vestiários, queriam fama, outros queriam apenas o dinheiro, uma pessoa disse que estava naquilo só para passar o tédio... Nesse momento me perguntei por que eu tinha me inscrito? Era só pra lutar? Pra ser desafiada? A luta pela luta era o que me motivava?

Ouvi uma plateia surpresa e triste acima de mim, e torci para que nada muito grave tivesse acontecido com o lutador que me antecedera. Enquanto terminava de calçar as luvas, ouvi batidas num armário e me virei rapidamente. Uma parte inocente de mim, queria ter visto Marina Gordon, seria bom ver um rosto amigo antes de um combate mortal, mas não, era apenas um funcionário do lugar, avisando que eu era a próxima.

Agradeci com um sorriso e um aceno positivo de cabeça, respirei fundo e segui-o. Enquanto eu andava pelos corredores escuros que levavam ao palco de minha luta, eu conseguia sentir as estruturas de pedra tremerem com todos os gritos e a emoção dos torcedores. Não sei se por ressonância, ou ansiedade, comecei a tremer também. Era minha primeira luta na frente de tanta gente e isso começou a martelar minha cabeça ali, bem nos minutos que precederiam um combate mortal.

Técnicas de respiração não eram o bastante para fazer meu coração bater mais devagar e nem para fazer minhas mãos, firmes e calejadas de treino, pararem de tremer.

“Porra, garota, não é hora pra ter medo!” eu disse pra mim mesma ao dar alguns passos e ser cegada por um instante pela luz do sol enquanto eu cruzava o portal que dava acesso ao palco plano, de terra batida e areia, no qual aconteceria o confronto.

Quando minha visão se acostumou novamente à claridade, eu pude ver, enquanto andava e me posicionava no centro do picadeiro, uma arquibancada lotada. É engraçada a sensação de ter tantas pessoas te olhando ao mesmo tempo, pois quase não dá para diferenciar os rostos de ninguém, e é preciso forçar bastante para ver as expressões de qualquer pessoa em específico, mas ninguém faria isso em combate. O mais engraçado de tudo é que eu não precisava olhar para eles para entender e sentir a energia que eles queriam passar.

Agora, por exemplo, eu sentia a empolgação em cada grito, o fervor, a esperança de ver um espetáculo e aquilo me deixou animada. Tão animada que nem percebi quando anunciaram meu nome e o que eu iria enfrentar. Percebi de canto de olho, então, uma das portas se abrindo e então me virei para ela, encarando a escuridão de onde eu sabia que sairia meu desafio.

Da parede de sombras daquela porta, um cão infernal emergiu, seus olhos vermelhos brilhando com uma fome insaciável. Seu pelo negro parecia absorver a luz ao redor, e um rosnado baixo reverberou em suas mandíbulas afiadas. Fiquei em postura de guarda alta e senti novamente aqueles tremores nas mãos, o frio na barriga e o coração acelerado... Me senti estranha, pois eu não me sentia amedrontada, apesar de todos aqueles sinais fisiológicos. Até que me dei conta.

“Isso não é medo, é adrenalina!!”

Um sorriso de alívio se abriu em meu rosto, mas logo se desfez e eu não pude deixar de sentir um arrepio subir pela minha espinha ao assimilar o que eu estava vendo. Uma segunda besta surgiu das sombras atrás do primeiro cão infernal. Por um segundo que fosse, a visão daquele outro Mastim preto gigante aparecendo de trás da primeira criatura, pareceu que era uma segunda cabeça em um único corpo. Por um segundo, eu pensei ter visto Ortros, o cão de duas cabeças que meu pai tinha derrotado e aquilo mexeu comigo.

Vários pensamentos sobre destino, sobre refazer os feitos de meu pai, sobre como eu poderia estar presa num eterno ciclo de repetição por causa do meu sangue começaram a tentar invadir minha cabeça, mas eu não podia lutar contra aqueles monstros com esse tipo de coisa em minha mente, então comecei a olhar para as duas criaturas e focar meus pensamentos em como poderia subjugá-las em batalha.

Ajustei minha postura, flexionando os músculos e me preparando para a porradaria.

Criaturas inteligentes, os cães infernais. Eles sabiam que estavam em vantagem numérica e não avançaram desembestados em minha direção. Pelo contrário, as duas máquinas de matar semideuses foram cada uma para um lado, lentamente, sem tirar os olhos de mim. O plano deles era óbvio: eu não tinha como lidar com ataques vindos de dois pontos diferentes, então muito provavelmente iriam esperar até ficarem em pontos opostos da arena para poderem me atacar.

Minha mente trabalhava a mil por hora e eu precisava pensar rápido.

Cada passo que os cães davam em direções opostas, me circulando, me analisando, pareciam durar horas dentro da minha mente, que se ocupava em traçar o plano ideal para combatê-los. Eu fechei os dedos em minhas manoplas de forma que conseguia sentir os nós dos meus dedos começarem a doer. A arena começava a ficar silenciosa devido à tensão que tomava conta do momento (ou era apenas impressão minha, já que eu estava hiperfocada na luta?).

Os cães chegaram ao ponto que queriam, porém fui eu que me movi primeiro.

Deliberadamente virei as costas para um dos cães infernais e parti correndo na direção de um deles. O elemento surpresa funcionou – ele não esperava um ataque direto. A arena explodiu em vivas, feliz com o início do embate. Ao chegar a uma distância confiável, saltei, desferindo um soco poderoso no focinho da criatura, o impacto reverberando pelo meu braço. A criatura recuou, se abrigando à sombra das muretas da arena, ganindo abalada, mas longe de ser derrotada.

Antes que eu pudesse me recompor, o segundo cão infernal surgiu atrás de mim mais rápido do que eu tinha calculado. Rolei para o lado, sentindo o ar deslocado pelas garras que quase me acertaram. Levantei-me rapidamente e desferi uma série de golpes rápidos nele, alternando entre socos e cotoveladas. Cada golpe era calculado, visando áreas vulneráveis, mas esses monstros eram duros na queda.

O primeiro cão, já recuperado, não me deu trégua enquanto eu golpeava seu parceiro, aquilo estava longe de ser um filme de ação, onde cada capanga aguardava sua vez de apanhar. Antes que pudesse tomar consciência de seus movimentos para poder contraatacar ou desviar,senti suas mandíbulas se fecharem ao redor da minha perna, a dor aguda cortando meus pensamentos por um momento.

A arena emitiu um som parecido com aquela surpresa triste que eu ouvi mais cedo. Muito alto, mas não o suficiente para abafar meu grito de dor e raiva.

Girei o corpo e acertei um gancho no maxilar do cão, forçando-o a soltar minha perna. A dor era intensa, mas minha determinação era maior. Com a perna latejando, me afastei alguns passos, mantendo ambos os cães à vista. Eles não me dariam tempo para respirar. O segundo monstro, ainda abalado, avançou com um salto, e eu bloqueei com o antebraço, sentindo o impacto reverberar por todo o corpo. Aproveitei a abertura e desferi um chute no seu estômago, fazendo-o recuar mais uma vez.

O primeiro cão desapareceu nas sombras, e eu sabia que ele tentaria me pegar de surpresa. Mantive-me em movimento, girando constantemente para evitar ser um alvo fácil. Quando ele emergiu atrás de mim, abaixei-me e desferi um soco para trás, acertando seu queixo. Ele cambaleou, mas antes que pudesse recuperar o equilíbrio, o segundo cão já estava de volta, tentando me morder. Dessa vez fui abocanhada no meu tronco, da esquerda pra direita como se eu fosse um brinquedo.

A única coisa que consegui fazer para diminuir os danos causados por aquilo foi colocar meu braço esquerdo perpendicularmente ao meu tronco, como uma forma de trava que impediria os músculos daquela mandíbula monstruosa de se fecharem em mim e me separar em duas.

“Ainda bem que esse cachorro só tem uma cabeça” pensei.

Enquanto gritava de dor, e torcia para que os “salva-vidas” não interrompessem o combate, concentrei-me em minha mão direita (a que estava livre, fora da boca da criatura), e após dar um grito que em minha cabeça pareceu o rugido de um leão, golpeei o focinho da besta que me mordia e sacudia de forma a ouvir um “CREC” muito alto, e mais ganidos.

Fui arremessada a alguns metros pela criatura cuja parte de cima do focinho eu provavelmente tinha quebrado, e tentei me levantar o mais rápido que pude, tentando ignorar toda a dor que parecia se espalhar pelo meu corpo. Montei a guarda novamente, apenas para perceber um vulto preto já próximo de mim em pleno ar, muito semelhante à minha primeira investida.

Gritei, como se aquilo fosse me ajudar a ter mais força (talvez ajudasse), e consegui achar rapidamente uma brecha naquela investida. Me movimentei de acordo em alguns milissegundos e golpeei a besta em um golpe de baixo para cima, num ponto em que as garras dela não iriam me alcançar. O impacto fez com que a trajetória da criatura fosse redirecionada, causando dano, e atrapalhando na aterrissagem dela, que caiu rolando pela arena de barro, levantando um pouco de poeira.

Procurei o outro cão com os olhos, percebendo que ele estava novamente na sombra da arena, como se aquilo fizesse bem pra ele. Claro que fazia. Apesar de estarmos lutando a plena luz do dia, aquela sombrinha mequetrefe, de alguma forma ainda conseguia os ajudar.

Percebi um calor escorrendo pelo meu corpo. Onde as presas do cão tinham se fincado em meu corpo, rastros de sangue escorriam, manchando minha pele e roupas de vermelho.

“Suor de batalha” como diziam os nórdicos.

Se eu parasse de me mexer, a adrenalina pararia de fazer efeito e eu começaria a sentir aquelas feridas de maneira mais intensa. Eu precisava terminar aquela luta antes que o cansaço e a dor me corroessem.

Avancei contra o cão que eu tinha atingido mais recentemente, aproveitando que ele ainda estava voltando a se erguer, e comecei a desferir mais uma sequência ensaiada de golpes com meus punhos, alternando entre ganchos e cruzados. Cada movimento era exaustivo, mas eu sabia que precisava me manter pressionando a criatura, pois se eu desse espaço e tempo, ela revidaria de maneira brutal. O outro cão, saiu das sombras da mureta da arena e tentou me atacar novamente, mas eu estava pronta. Virei-me a tempo de bloquear suas garras com minha manopla, desviando-as para longe do meu corpo.

Mas apesar disso, eu senti uma dor lancinante me apertar por dentro. Não era uma dor física, já que ele não tinha me arranhado e eu tinha conseguido absorver o impacto mecânico de sua pata, mas era como se meu espírito tivesse sido estraçalhado pela pata daquela criatura. Minha mão ficou mole, e meu braço pendeu ao lado do meu corpo como se tivesse desligada por alguns segundos.

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, uma das criaturas (não consegui identificar qual), me deu um coice, ou uma cabeçada, que me arremessou na mureta da arena.

Mais um gemido triste e preocupado ecoou da arquibancada. Foi como se eles tivessem sentido aquele golpe tanto quanto eu.

Meus pulmões se esvaziaram de uma vez com aquele impacto seco das minhas costas na pedra fria daquele campo de batalha. Me forcei a respirar rápido, para recuperar o fôlego e direcionei meu olhar para onde as criaturas estavam, apenas para perceber que só uma delas estava onde eu olhava.

Mais um gemido triste e preocupado da arena, dessa vez abafando o meu grito de dor. O outro cão tinha acabado de surgir das sombras da mureta e abocanhado meu braço direito com força. Se minhas luvas não fossem feitas de bronze, certamente minha mão teria sido arrancada com facilidade, mas o metal, por mais simples que fosse, conseguiu reduzir um pouco o impacto da mordida. Mesmo assim, aqueles dentes afiadíssimos perfuraram minhas mãos e parte do meu antebraço fazendo todas as minhas terminações nervosas pedirem arrego.

Novamente o tempo pareceu correr mais devagar.

Eu via a outra criatura desembestada na minha direção, arfando e rosnando, desejando minha morte, enquanto sua aliada, mordia e balançava minha mão direita como aqueles cachorros da polícia destroçando a almofada que fica no braço de seu treinador, só que nesse caso não tinha almofada. A única coisa que impedia ela de arrancar meu membro de meu corpo era minha força, e provavelmente alguma ajuda divina.

Naquele momento o único som que eu ouvia nitidamente eram os rosnados das bestas, e o som da minha própria pulsação, pois todo o resto parecia abafado e distante... Éramos apenas nós três, e toda a arena deixou de existir, enquanto meus olhos rápidos olhavam para todos os lados, analisando friamente aquele lugar, buscando uma solução, uma estratégia. Então eu pensei numa saída e senti meus músculos se contraírem, reunindo toda a força que eu sabia que precisaria para executar o movimento que salvaria minha vida.

Eu esperei.

A criatura chegava mais perto.

Eu me mantive firme.

Ela pulou, cometendo o mesmo erro novamente.

Mais uma vez eu gritei e, num esforço Hercúleo, usei minha mão livre para pegar a cabeça do cão que me mordia e usar ele como arma para bater no outro em pleno vôo, desviando sua trajetória e fazendo com que ele perdesse o controle e desse de cara com a estrutura de pedra dos limites da arena.

Vibrações da arena. As pessoas comemoravam!

Ainda gritando, aproveitei que o monstro que abocanhava meu braço afrouxara a mandíbula por causa do impacto com seu parceiro, e retirei minha mão, que a essa altura estava praticamente dormente e banhada em meu próprio sangue.

— 시발 새끼 좆 같네 — Eu berrei.

Após isso soquei o crânio da criatura de cima pra baixo, ainda sentindo toda aquela força divina percorrendo meu corpo. Ao fazer isso, a criatura se dissolveu em um pó amarelado e fedorento, que rapidamente foi soprado pelo vento e se misturou com a terra batida da arena.

A arquibancada foi à loucura, fazendo com que meu corpo tremesse com a ressonância dos gritos que quase me deixavam surda, mas me enchiam de energia. Eu estava conseguindo, agora só faltava um.

Ofegante, voltei-me para ele. Mesmo exausta, sentindo dores absurdas em minha mão direita, tronco, perna esquerda, e até na minha alma eu não podia parar. O suor em meu corpo fazia com que a poeira da arena se colasse à minha pele, me deixando com um aspecto sujo e abatido.

Meu inimigo rosnou, já de pé e contrariado por ter sido atingido da mesma forma mais uma vez, e avançou com fúria. Bloqueei suas garras com meu punho esquerdo, protegido ainda pela manopla, porém ainda senti a pele rasgar sob a pressão, mas usei a dor como combustível.

Com mais um grito de guerra, desferi um soco devastador na cabeça dele, sentindo os ossos se racharem sob o impacto. Ele tentou se recuperar, mas não dei chance. Avancei com tudo o que me restava, focando nos pontos vulneráveis. O cão, mesmo ferido, ainda era uma ameaça perigosa, assim como eu. Seus olhos brilhavam com uma fúria vermelha intensa, e ele se lançou para frente com um rosnado gutural.

Desviei para o lado, sentindo suas garras rasparem meu braço. Usei a proximidade para desferir uma cotovelada na lateral da sua cabeça. O impacto fez com que ele cambaleasse, mas rapidamente se recuperou e se lançou novamente, suas mandíbulas se fechando perigosamente perto do meu rosto. Recuei um passo, usando minha perna direita para desferir um chute lateral em suas costelas. O golpe foi forte, mas a dor na minha perna esquerda quase me fez cair.

O cão infernal aproveitou minha fraqueza momentânea e avançou, suas garras rasgando o ar em direção ao meu peito. Consegui bloquear com a manopla esquerda, mas o impacto me fez perder o equilíbrio. Caí de costas no chão, a terra batida raspando contra minha pele. Em pouco menos de um segundo, o cão conseguiu assumir uma posição em cima de mim, aproximando sua enorme boca de meu pescoço.

Lutei para manter suas mandíbulas afastadas, usando ambas as mãos para segurar seu focinho aberto. Minha mão direita tremia, não conseguindo segurar por muito tempo. Meus olhos lacrimejavam, criando caminhos de lágrimas em meu rosto sujo, enquanto a criatura rosnava e babava em cima de mim. Suas garras escavavam a terra ao meu redor ao mesmo tempo que eu conseguia sentir um cheiro fortíssimo de enxofre vindo daquela boca feroz.

Com um esforço supremo, consegui empurrar o cão para o lado, rolando para longe antes que ele pudesse atacar novamente. Levantei-me, ofegante e tremendo, mas determinada a acabar com aquilo. Ele veio contra mim novamente, e desta vez, usei minha força restante para desferir um cruzado de esquerda diretamente no seu olho. O cão soltou um ganido horrível, recuando enquanto um sangue sulfuroso escorria pelo seu rosto.

Aproveitei a vantagem, avançando com uma sequência de golpes. Socos diretos, cruzados, ganchos – cada golpe era uma expressão da minha determinação e vontade de esmagar aquela criatura. O cão tentava se defender, mas eu estava implacável. Por fim, com um último grito de guerra, desferi um soco frontal, em seu focinho. Minha intenção ao fazer aquilo era de literalmente afundar o focinho dele em seu crânio e deixá-lo igual a um Pug.

O crânio da criatura se afundou sob a pressão, e ela se desfez da mesma forma que a outra criatura, numa nuvem amarelada e malcheirosa que foi rapidamente levada pelo vento. Caí de joelhos, exausta, cada fibra do meu corpo dolorida e queimada.

Consegui reunir forças o suficiente para levantar um braço acima da cabeça, com um punho fechado. A arquibancada explodiu em aplausos e gritos, a ressonância ecoando dentro de mim e me enchendo de uma energia renovada.

“Que sensação boa...” eu pensei enquanto ouvia as pessoas gritando meu nome e alguma voz mágica anunciando minha vitória.

Era por essa sensação que eu lutava? Reconhecimento? Aprovação de terceiros?

Levantei-me, cambaleante, mas vitoriosa. Não sabia ao certo se aquela era a minha motivação, mas para aquele momento, serviria.

Poderes e Itens:

Tarefa: É hora de se provar:



__
Lee Chae-young

Imagem A : [COLISEU: ARENA DA PROVAÇÃO] — Lee Chae-Young Mf2Mq4K
Ocupação : Desempregada
Idade : 23
   


Dados do Semideus
Atributos:
AtributosPontosPontos
ForçaForça• • • • •
DestrezaDestreza• • •
AgilidadeAgilidade• • •
ConstituiçãoConstituição• • • • •
InteligênciaInteligência
CarismaCarisma
NaturezaNatureza
MagiaMagia
EspiritualidadeEspiritualidade
Imagem A
Tânatos
Deuses
Idade
Ocupação
Nível
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Avaliação



Recompensa Máxima da tarefa: 7.000 XP
Recompensa Extra do Evento: 3.500 XP

Narratividade:100/100
Recompensa Final: 10.500 pontos de experiência e 7.000 Concórdios


Comentários


Eu gostei muito da maneira como o seu texto fluiu, filha de Héracles. Você decidiu não partir direto para o combate e deu um excelente contexto de como sua personagem agiu em relação às mudanças que ocorreram na cidade, desde a obrigação a treinar mais até a própria inscrição para o coliseu, demonstrando muito bem como Chaeyoung se sentia em relação ao que estava vivenciando. Seu modo de narrar é fluido e envolvente, de modo que não tive qualquer problema em acompanhar e fiquei preso do início ao fim.

Sobre o combate em si, você possui um domínio narrativo excelente no que diz respeito aos movimentos e ritmo de uma luta. Consegui visualizar tudo o que acontecia perfeitamente e gostei muito da atenção aos detalhes e de como você foi capaz de narrar um combate extenso sem torná-lo chato. Pelo contrário, a luta foi interessante e realista do início ao fim, de modo que tenho apenas os meus parabéns para te oferecer!


Tânatos

   

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